A Única História (Julian Barnes)

Preferiam amar mais e sofrer mais ou amar menos e sofrer menos? Podem lembrar - e bem - que não é uma verdadeira questão. Porque não podemos escolher. Quem consegue controlar o quanto ama? Se conseguirmos controlar não é amor. Não sei que nome tem, mas não é amor.

Assim começa a história que o autor se propõe contar. A única que verdadeiramente importa, segundo nos diz. Esta foi a minha estreia com Julian Barnes, apesar de ter outro livro dele na estante, comecei por este que me despertou o interesse por este início tão contundente.


Tal como acredito que o nosso amor é único, acredito que os nossos problemas - os problemas dela - são únicos. Sou demasiado jovem para compreender que todo o comportamento humano assenta em padrões e categorias e que o caso dela - e meu - está longe de ser único.

O desenrolar, porém, ficou um pouquinho aquém daquilo que esperava. Por já ter lido excelentes críticas ao autor e por se tratar de um tema que a mim me cativa muito, a expectativa estaria, talvez, um pouco elevada.

Não vi o pânico que estava dentro dela. Como podia adivinhar? Pensei que era só dentro de mim. Vejo, já tarde, que ele está em toda a gente. É condição da nossa mortalidade. (...) O pânico encaminha uns para Deus, outros para o desespero, alguns para obras de caridade, outros para a bebida, uns para o desapego emocional, outros para uma vida onde esperam que nunca nada de grave volte a perturbá-los.

Tenho sempre dúvidas em escrever sobre um livro de que não gostei particularmente, porque, na verdade, a minha experiência pode ser diametralmente oposta à experiência de qualquer outro leitor, razão pela qual, habitualmente, opto por escrever sobre aqueles de que mais gostei, por forma a não desmotivar ninguém da sua própria incursão e descoberta (como já me aconteceu, por mais do que uma vez - e com alguma pena minha - face a uma apreciação negativa).

Compreendera que o amor, até o mais ardente e o mais sincero, pode, quando sujeito a um ataque certeiro, coalhar numa mistura de piedade e cólera. O seu amor desaparecera, afastara-se mês a mês, ano a ano.

Apesar de alguns segmentos e reflexões muito interessantes, faltou, quanto a mim, alguma profundidade aos personagens - que por vezes não conseguimos bem perceber ou caracterizar - assim como algum sentido de coesão ao longo da história, que fica com grandes espaços em branco, aparentemente por preencher.

Pontuação: 6/10
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