Um dia
entrei na Fnac e perguntei se tinham o livro "Yoga para Nervosos".
O rapaz que me atendeu disse-me que não, pelo que lhe perguntei (sem que me
ocorresse nada de melhor) se tinham uma secção sobre Yoga (para
que pudesse ir lá espreitar, desconfiando daquela resposta tão pronta), ao que
me respondeu «Não, mas temos uma secção para nervosos». Foi o
momento mais humorístico que tive numa livraria, ainda hoje me recordo dele com
carinho!
Este seria seguramente um livro que não encontraria nessa tal secção. Passei as primeiras cinquenta páginas a chorar - baba e ranho - quase ininterruptamente. Pausando, de vez em quando, para me recompor e retomando pouco depois, quando me sentia capaz de prosseguir, para de novo interromper, umas páginas mais adiante, já sem conseguir discernir as letras à minha frente.
Trata-se do relato, na primeira pessoa, de uma mulher que se encontrava de férias no Sri Lanka com os pais, o marido e dois filhos, quando se deu o tsunami, em 2004. Sonali foi a única sobrevivente da família e o seu mundo ficou dividido entre um antes e um depois da catástrofe. É entre estes dois espaços temporais que a narrativa se desenvolve, evocando os momentos simples, mundanos, insuspeitadamente felizes e o regressar a uma vida que colapsou, que não se sabe como retomar sem aqueles que faziam parte dela, que lhe davam sentido, em que se alicerçava toda uma existência.
Este seria seguramente um livro que não encontraria nessa tal secção. Passei as primeiras cinquenta páginas a chorar - baba e ranho - quase ininterruptamente. Pausando, de vez em quando, para me recompor e retomando pouco depois, quando me sentia capaz de prosseguir, para de novo interromper, umas páginas mais adiante, já sem conseguir discernir as letras à minha frente.
Trata-se do relato, na primeira pessoa, de uma mulher que se encontrava de férias no Sri Lanka com os pais, o marido e dois filhos, quando se deu o tsunami, em 2004. Sonali foi a única sobrevivente da família e o seu mundo ficou dividido entre um antes e um depois da catástrofe. É entre estes dois espaços temporais que a narrativa se desenvolve, evocando os momentos simples, mundanos, insuspeitadamente felizes e o regressar a uma vida que colapsou, que não se sabe como retomar sem aqueles que faziam parte dela, que lhe davam sentido, em que se alicerçava toda uma existência.
«Houve uma série de
primeiras vezes. A primeira vez que desci as escadas de casa da minha tia,
assustada, sabendo que não veria uma pilha de sapatos junto à porta de entrada,
como havia em nossa casa. A primeira vez que vi dinheiro. Estava como o meu
amigo David, (...) estremeci ao ver a nota de cem rupias na sua mão. Da última
vez que vi uma nota daquelas, eu tinha um mundo»
Se o choro é terapêutico, então este livro é uma espécie de terapia imersiva profunda. E uma lição de vida e superação, de humildade perante as nossas zangas e revoltas - tão pequenas, tão insignificantes - quando vistas em perspectiva.
Pontuação: 7/10
Sinopse aqui

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