Seda (Alessandro Baricco)

Quanto de ilusão, desejo e fantasia conseguimos projectar no outro? Quanto de uma vida é constituída à base desta realidade que não existe senão no nosso imaginário, no mundo interior que cada um vai erigindo?

Doeu-lhe ouvir, no fim, Hervé Joncour dizer baixinho:
- Nunca ouvi a sua voz uma única vez.
E de seguida:
- É uma dor estranha.
Devagar.
- Morrer de saudades de uma coisa que nunca se irá viver.

Baricco traz-nos uma história de ilusão, suave como a seda, que delicadamente se tece e nos embala. Uma história de descoberta de um mundo diferente, longínquo, inacessível. 

Hervé, o jovem protagonista, deixa-se seduzir pela envolvência desta estranheza, pelo arrebatamento do desconhecido, pela delicadeza do inalcançável, deixando-se inebriar pelo mundo do sonho e da fantasia, sem que isso, aparentemente o desvie do seu caminho.

Mil vezes procurou os olhos dela, e mil vezes ela encontrou os dele. Era uma espécie de dança triste, secreta e impotente. Hervé Joncour dançou-a até ser noite funda, depois levantou-se, disse uma qualquer frase em francês para se desculpar (...) e foi-se embora.

Mais importante do que isso, sem que o seu caminho se desvie dele.

Pontuação: 7/10
Sinopse aqui

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