Ao contrário do que se passa numa tradicional aula de história, Harari fala-nos num tom empolgante, com um entusiasmo que contagia e inevitavelmente capta o nosso interesse e atenção, brindando-nos com uma espreitadela a este futuro próximo, onde o envelhecimento pode vir a ser considerado uma maleita - tratável como tantas outras - e a felicidade universalmente acessível através de um simples comprimido. Um futuro que provavelmente não conheceremos de outra forma que não esta, da mera antevisão possível.
Se com Sapiens, Yuval Harari nos fez sentir afortunados por vivermos na era actual, em Homo Deus não conseguimos deixar de sentir alguma pena - para não dizer uma pontinha de inveja - por não estarmos no lugar daqueles que poderão ter o privilégio de conhecer esses apelativos tempos vindouros.
Ao longo de muitas gerações, o nosso sistema bioquímico adaptou-se para nos garantir as melhores hipóteses de sobrevivência e reprodução e não para nos tornar felizes (…) O que teria acontecido se uma mutação rara tivesse criado um esquilo que, ao comer uma noz, ficasse satisfeito para sempre? Do ponto de vista técnico, isto é possível se se alterar a configuração cerebral do esquilo. Quem sabe se isso não terá acontecido há milhões de anos a um esquilo sortudo. Mas, se aconteceu, o esquilo levou uma vida feliz e extremamente breve e essa mutação rara ficou por aí, porque o esquilo abençoado não se iria dar ao trabalho de procurar nozes, quanto mais companheiros sexuais. É por essa razão que as nozes que os humanos tentam juntar – empregos bem pagos, grandes casas e parceiros atraentes – raramente os mantêm satisfeitos por muito tempo.Pontuação: 9/10
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