Durante algum tempo, parecia que Teresa se esquecera de tudo - de um passado do qual nunca falava, da morte do pai, de um amante possivelmente violento. Foderam a todas as horas e em todos os lugares. A sensação de estar casado, descreveu-me, era, ao contrário de tudo o que sempre ouvira dizer, a maior libertação de todas. (...) Era um afrodisíaco como nunca antes sentira; Teresa era a coisa que lhe estava destinada, convenceu-se. A poesia era um embuste, a literatura uma escapatória dos mal-fodidos. A vida verdadeira era aquilo: vir-se todos os dias dentro da mulher que amava.
Essa é a nossa história, aquela que contamos a nós próprios e à volta da qual nos (re)construímos. Haverá outra mais importante? Se a história terminou, valerá a pena abri-la de novo, rasgar tudo o que até ali escrevemos, em prol de uma outra versão, aquela que se apresenta como a verdade objectiva, para nós desconhecida até então? E a que preço o fazemos?
Saldaña Paris era verdadeiramente melancólico: um homem de outro tempo que vivia aprisionado neste; um homem de um tempo em que a felicidade não era uma obrigação, mas a sorte de uns quantos tolos.
Esta é igualmente uma história de amizade, também ela uma forma de amor, tantas vezes subvalorizada, descurada e preterida. A amizade que nos liga ao outro de forma inquebrantável, que nos liga a nós próprios e ao mundo.
Pontuação: 8/10
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