O Animal Social (David Brooks)


Através da história de Harold e Erica, que acompanhamos desde o nascimento até à morte, David Brooks faz-nos um périplo pela existência humana, nos seus dilemas, complexidades e lugares comuns - mas não necessariamente evidentes - da vida de todos nós.

As crianças são treinadas para saltar milhares de graus académicos e, no entanto, as decisões mais importantes que tomarão têm que ver com quem casarão, de quem se tornarão amigas, o que amar e o que desprezar e como controlar os impulsos. Essas questões ficam praticamente entregues à sua sorte.

Como se tivessemos uma espécie de lente amplificadora dirigida a cada uma das delicadas fibras que compõem o tecido da vida humana - o amor, a família, o trabalho, a cultura, as escolhas e decisões, a política, a moralidade, a busca de significado, a velhice - vamos percorrendo os vários capítulos da vida destas duas pessoas, que podiam ser qualquer um de nós.

Grande parte da vida tem que ver com o insucesso, quer o reconheçamos, quer não, e o nosso destino é profundamente moldado pela nossa capacidade de aprender com o insucesso e de a ele nos adaptarmos.

O afecto, dedicação e amparo dos nossos pais - ou a falta dele - a valorização da educação e da cultura no contexto familiar, a estabilidade ou a insegurança do ambiente à nossa volta, cada um destes ingredientes acompanha-nos ao longo da vida, determinando a forma como nos posicionamos perante o mundo e os outros, influenciando a forma como encaramos tudo o que nos rodeia. 

Não somos quem julgamos ser, conclui Brooks a propósito do papel oculto e tantas vezes insuspeito que o inconsciente detém no percurso de uma vida, nas escolhas que fazemos, nas decisões que tomamos. 

O inconsciente é impulsivo, emocional, sensível e imprevisível. Precisa de supervisão. Mas pode ser brilhante. É capaz de processar uma catadupa de dados e, de forma ousada, dar saltos criativos. Acima de tudo, é também maravilhosamente gregário. O vosso inconsciente, esse extrovertido interior, quer que olhem à volta e se relacionem.

Se há livros que conversam connosco, este é um deles. E é uma conversa que gostaríamos que não acabasse. 

Pontuação: 9/9

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