Um homem apaixonado: A Minha Luta 2 (Karl Ove Knausgärd)

Neste que é o segundo livro da saga autobiográfica que se iniciou com A Morte do Pai, Karl Ove é um homem em ruptura.

«Toda a beleza existente no mundo, que deveria ser insuportável de tão grande, deixava-me simplesmente indiferente. A minha vida deixava-me indiferente. Era assim - e havia tanto tempo que era assim que não fui capaz de aguentar mais e decidira, portanto, fazer alguma coisa.»

É neste estado de alma que Karl Ove parte para a Suécia, sem outro plano definido que não seja o de virar costas a tudo aquilo que o conduziu aqui.

«Aos quarenta anos, a vida até então vivida, sempre a título provisório, transformava-se pela primeira vez na própria vida (...). Aos quarenta anos, compreendia-se que tudo estava só onde se estava, na vida quotidiana banal, sob a sua forma definida, e que as coisas continuariam a ser para sempre iguais, a menos que se fizesse alguma coisa em contrário.»  

Em Estocolmo descobre um mundo de possibilidades e experimenta uma sensação de liberdade há muito esquecida, originando um misto de estranheza e inebriamento. Nesse contexto, reencontra Linda, uma figura do passado por quem tiveram uma paixão fugaz, mas não correspondida. Este reencontro dará lugar a um novo capítulo na sua história. Um capítulo que, à semelhança de tudo o mais que fomos conhecendo da vida do autor, nada tem de simples ou linear.

«Mantive-me durante tida a minha vida adulta distante das outras pessoas, foi a maneira que arranjei para me defender, uma vez que me sinto tão espantosamente próximo dos outros nos meus pensamentos e sentimentos que basta que eles me ignorem ou me dêem pouca importância para que uma tempestade rebente dentro de mim»

Se ocasionalmente a densidade da escrita se revelou difícil de transpor - fruto de algum excesso de pormenor na descrição de determinados momentos que, por vezes, se torna fastidioso - valeu a pena para chegar até aqui.

Pontuação: 8/10

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