(In)Fidelidade (Esther Perel)


Esther Perel - autora de Amor e Desejo na Relação Conjugal que  lera há alguns anos - tem uma forma brilhante de pensar e debruçar-se sobre as relações humanas, em particular a relação de casal. Longe da visão monocromática, redutora e moralista com que estes temas são muitas vezes abordados, Perel procura compreender o que está por trás do fenómeno, o que impele o ser humano para a vivência de qualquer coisa que pode ser tão desestruturante e causadora de tanto sofrimento.

Atualmente, a discussão em torno dos casos extraconjugais tende a ser fraturante, sentenciosa e míope. Embora a nossa cultura esteja cada vez mais aberta ao sexo, a infidelidade continua envolta numa nuvem de vergonha e secretismo. (...) As crenças sobre a infidelidade estão bem enraizadas na nossa psique cultural e questiona-las será certamente visto por alguns como irreverência perigosa ou bússula moral avariada da minha parte. 

Não condenar não significa aprovar e existe uma grande diferença entre compreender e justificar, mas quando reduzimos a conversa a simples juízos de valor, ficamos sem nada para debater, prossegue a autora, como ponto de partida para este exercício basilar que a psicologia desempenha como nenhum outro ramo do conhecimento, de para tudo olhar sem julgamento ou apriorismos morais, numa tentativa genuína de procurar significados e motivações, não só no intuito de compreender a infidelidade, mas também de extrair conclusões que permitam repensar o amor e as relações

A precipitação em optar pelo divórcio não dá margem ao erro, à fragilidade humana. Também não dá margem ao processo de reparação, superação e recuperação.

Não sendo um livro de ficção, a verdade é que se lê como tal, pela forma cuidada, inteligente e cativante como a autora vai desvendando o que se esconde a coberto de uma realidade tão censurável e universalmente praticada ao longo de toda a história da humanidade.

Por vezes, quando buscamos o olhar de outra pessoa, não é ao nosso companheiro que viramos costas, mas à pessoa em que nos tornámos. Mais do que um novo amante, procuramos encontrar uma outra versão de nós próprios. 

Pontuação: 9/10 
Sinopse aqui 

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