Foco (Daniel Goleman)

A probabilidade da nossa mente estar a divagar no exacto momento em que fazemos qualquer coisa é de 50%. E para onde divaga a nossa mente, nessa deambulação constante e persistente? Para onde nos leva, a toda a hora e a todo o momento em que nos encontra distraídos? Sítios escuros, becos sem saída, zonas nebulosas do mundo emocional e maioritariamente ruminativo...

A divagação da mente tende a centrar-se no nosso eu e nas nossas preocupações: tudo o que tenho de fazer hoje; o que não devia ter dito àquela pessoa; o que lhe devia afinal ter dito.

"Embora a mente por vezes vagueie até pensamentos ou fantasias agradáveis, parece mais frequente gravitar em redor da reflexão e da preocupação". Quando estamos focados, concentrados em alguma coisa que genuinamente nos absorve, a passagem por via da qual esse deambular tortuoso nos invade fica vedada. Não será esse o grande privilégio da infância? A capacidade que as crianças têm de estarem presentes em tudo aquilo que fazem, em cada coisa que observam, em que se envolvem? E no entanto, chegados à idade adulta, não é preciso ser um mestre zen para conseguir esse grau de concentração, essa abstração dos pensamentos periféricos (que habitualmente se repartem entre as angústia do passado e as ansiedades do futuro). 

Um inquérito a milhares de pessoas verificou que o foco no aqui e agora era mais elevado quando estavam a fazer amor, exercício físico, a falar com alguém ou a tocar um instrumento musical. 

Quando nos damos conta da capacidade que temos de desligar o ruído interior com actividades tão simples, e do privilégio que é entrar nesse estado de quietude mental, passamos definitivamente a valorizar mais cada uma dessas coisas. Mais do que tantas outras que repetidamente nos vendem como sinónimos de felicidade e bem estar. 

Pontuação: 8/10
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